quarta-feira, 26 de maio de 2010

Dá um abraço, vai?

Outro dia aconteceu uma coisa engraçada demais comigo. Eu estava andando na linda Avenida Paulista, aqui em SP, quando um completo desconhecido me abraçou. Imagina se ele não me pegou de surpresa! Quase desconfiei de assalto. Depois é que fui descobrir que existe até ONG pregando que a gente precisa abraçar mais uns aos outros e que o cara estava ali defendo essa filosofia, firme e forte na decisão de pegar quem estivesse passando, fosse quem fosse, para um aperto entre os braços. Passado o medo, a vergonha, o susto, acabei achando a história tão bonita, tão bonita, que resolvi contá-la aqui. Tudo bem, não me converti “ainda” ao movimento e nem estou passando parte dos meus dias numa esquina, para provar o bom que é abraçar e ser abraçada. Mas até gostaria de fazer isso. Você mesma, que está lendo: não tá precisando de um abraço apertado? Aposto que sim!
Isso porque abraço é um negócio gostoso mesmo! Mas pensa: se deixar, a gente vai abraçando a galera de um jeito tão automático, tipo escovar os dentes, que vira apenas mais um gesto sem sentido. A gente acaba abraçando porque faz parte do protocolo, sem perceber que tá ali uma oportunidade de dar e de receber muito.
Afinal, um abraço é capaz de muitas coisas. Serve bem como um “desculpa aí” depois que a gente pisa na bola. Também faz as vezes de um lindo discurso, quando um amigo precisa de um apoio, mas a gente não sabe direito o que dizer. E, principalmente, ele vale como um bom substituto para um sonoro “eu te amo”.
Eu, até ser pega sem querer pelo abraçador biruta, tinha até me esquecido de todas as aplicações desse carinho. Mas na hora me lembrei e agora fico tentando me policiar para abraçar mais e, principalmente, abraçar de verdade.
Então, se alguém resolve me estender os braços, faço questão de prestar atenção naquela troca, abraço com todos os sentidos - ou com a alma, como alguns diriam.
E, mais que isso, também aprendi a pedir um abraço quando preciso. Essa também parece fácil, mas não é. A gente prefere arrumar briga com o namorado se está carente, quando bastaria dizer: “Me abraça”. Do mesmo jeito, acabamos dando uma de rebelde em casa, quando o que mais precisamos é de um simples carinho dos pais.
Ser abraçada é como receber um combustível novo, pra continuar com o astral lá em cima. É como perceber, sem a necessidade de palavra, que somos importantes, queridas e que temos alguém com quem contar, não importa a dificuldade que estamos enfrentando.
Ficou com vontade? Uma boa pedida é sair por aí abraçando quem você ama, pois é sempre melhor agir do que esperar que os outros adivinhem o que estamos sentindo. Marque um encontro com seus amigos virtuais, espere até que a família inteira se reúna, hoje à noite, e promova o seu movimento pelo abraço. Assim, quem sabe, eles também sintam uma vontade louca de abraçar os outros amigos deles e a gente comece uma corrente do bem. Daí, pessoas como o maluco que me abraçou na Paulista não precisarão mais existir. Porque a importância do abraço nunca mais será esquecida. E o mundo, certamente, vai ser um lugar melhor para se viver, quando esse dia chegar.

Sofrer é bom?

Experimenta dizer pra uma amiga sua que você está péssima, que tudo deu errado e que anda precisando de um ombro. Aposto ela vai sentar e chorar as pitangas com você. Se o seu problema for um ex, capaz até de ela começar a contar do último namorado dela, como se quisesse convencer você de que podia ser pior. Por outro lado, se disser à sua amiga – qualquer uma delas – que está feliz, radiante, que gosta da sua vida exatamente como ela é, pode ser que ela estranhe e ache que você anda meio maluca. Isso porque, infelizmente, quem vive na boa e deixa isso transparecer, hoje em dia, é uma minoria. Duvida? Faça o sacrifício de assistir a um telejornal inteirinho. Entre dezenas de histórias pra lá de trágicas, de assassinatos, roubos, mortes, furacões e tempestades, talvez sobre uma ou duas de gente que fez coisas legais ou que se deu bem. Dizem que o sofrimento dá mais ibope. E não é que é verdade? Pensa bem: você olha com o mesmo interesse para uma batida daquelas no trânsito e para uma borboleta que, do nada, resolve pousar no vidro do seu carro? Pois é. O problema é que, de tanto olhar sofrimento, catástrofes, violência, periga a gente esquecer que a vida também é feita de poesia.

E mais: de tanto cultivar a dor, ela acaba meio que perdendo o sentido. Tipo: a gente chora vendo as vítimas de um tal desastre natural na TV. Mas não se emociona quando passa perto de um mendigo, que vive na esquina da nossa casa. Faz sentido isso?

O sentimento de compaixão, que nos faz dizer “nossa, coitado do fulano”, não é de todo ruim. A gente só sente dó dos outros porque consegue se imaginar no lugar deles. O que eu acho chato nessa lamentação toda é o que vem depois. E o que vem depois? Nada! Parece papo de doido? Eu explico: na maioria das vezes, apesar de chorarmos lágrimas de crocodilo pelo sofrimento dos outros, quase nunca transformamos isso em algo produtivo, não pensamos em maneiras de aliviar aquela dor do outro. Sentimos pena. E só.

Até quando a dor é nossa, a gente faz de tudo pra fugir, demora horrores pra termos coragem de enfrentar o problema que está nos fazendo ficar cada dia pior. Tenho um exemplo bom: o do fora. Quem nunca levou uma dispensada e, no dia seguinte, passou horas trancada no quarto, ouvindo música lenta e lembrando as últimas palavras do pretê? É como se fosse uma tortura que aplicamos a nós mesmas!

Agora, imagine se a gente pudesse fazer diferente – e a gente pode! Então, quando uma amiga viesse reclamar da vida, tentaríamos animá-la, em vez de contar casos ainda mais dramáticos. Ao ver que alguém – qualquer pessoa – está em sofrimento, faríamos o possível para ajudá-la, mesmo que a nossa contribuição seja minúscula (em muitos casos, um sorriso ou um abraço salvam o dia de quem acordou achando que a vida não fazia mais sentido). Ah, e quando a dor fosse nossa, o primeiro desafio seria descobrir onde foi que nos machucaram, para resolver de imediato a questão.

Logo, se sofrer é inevitável, aliviar a dor – a nossa e a dos outros - é sempre a melhor saída. Então, que tal tentar fazer isso mais vezes?

domingo, 21 de março de 2010

Menos, menos...

Rever as nossas expectativas pode ser uma boa maneira de evitar muita tristeza e frustração. Pára pra pensar: às vezes, sem perceber, criamos metas irreais para a nossa vida e corremos atrás delas que nem maratonista em final de prova. O resultado? Cruzamos a linha de chegada beeem distantes da posição desejada, cansadas e, pior, achando que nunca seremos capazes de realizar nossos sonhos. É isso aí: exigir demais de nós mesmas é um jeito rápido e fácil de detonar com a nossa autoestima.

Funciona assim: a gente decide emagrecer trocentos quilos em uma semana. E começamos na segunda um regimão do tipo uma ervilha no almoço e outra no jantar. Mas, claro, terminamos o domingo devorando uma porção de coisas gordurosas e doces, com aquela fome de leão de quem passou dias sem comer direito. Aí nos chateamos porque, mais uma vez, a estratégia de eliminar os quilinhos que estão sobrando falhou. E nos sentimos péssimas.

Ou, então, a gente dá de querer ser a garota mais popular da turma do dia para a noite, porque não basta ser só querida pelos amigos. E, então, basta outra fulana se sobressair mais em determinada situação e começamos a nos achar um lixo.

Tem também aquela história de começar a sair com o garoto e já fantasiar o dia em que ele vai dizer “eu te amo”. Daí ele não diz, cai fora porque se sentiu pressionado e o que sobra é só desilusão. Como esses, tem muitos outros momentos em que, por querer demais - e para ontem! - acabamos sem nada.

Essas situações, chatas no início, podem nos oferecer lições que levaremos por toda a vida. Não é o caso de aprender a se contentar com pouco, mas sim de estabelecer objetivos possíveis e, alcançando-os, partir para outros mais difíceis.

Voltando ao regime. Imagine que você combine consigo mesma de eliminar um ou dois quilos por mês, numa dieta balanceada, com o acompanhamento de um médico ou nutricionista. Vai demorar mais pra desfilar o corpão que deseja, claro. Mas, a cada pequena conquista, vai se animar a continuar abrindo mão das guloseimas e persistir se tornará cada vez mais fácil. No fim, os resultados virão. E você poderá, aos poucos, ganhar confiança para investir em projetos mais ambiciosos, como secar de vez a barriguinha.

Agora, antes que você comece a esperar demais de mim também, vou logo tirando o corpo fora: infelizmente não tenho a receita de como cobrar da vida exatamente o que ela pode nos dar, nem mais, nem menos. Imagino que é só na tentativa e erro que aprenderemos – eu, você e o resto do mundo – a fazer apostas grandiosas mas, ao mesmo tempo, possíveis de se alcançar. Até podemos dar um passo maior que a perna de vez em quando. Mas o importante é aprender com o erro e reavaliar nossas metas numa próxima vez.

No fim das contas, o que tenho pra dizer é: sonhe, pequenos, médios e grandes sonhos. Só não caia na besteira de esperar que tudo saia exatamente como quer e também não exija demais de você nem dos outros. Vá com calma. Assim, poderá comemorar cada pequena vitória. E chegará cada vez mais longe.

Faz aí o teste e depois passa me conta no que deu.

Eu minto, tu mentes... e todos saem ganhando!

Tá achando estranho esse título aí em cima? Pois aposto que, até o final desse texto, você também vai aderir à minha campanha (ou não!). É claro que não sou louca de sair por aí dizendo que dá pra inventar história a torto e a direito, com o objetivo de enganar as pessoas e, assim, se sair bem de todas as situações. A mentira não é, nem nunca vai ser, a maravilha das maravilhas. Porém, quando bem usada, é como remédio caseiro de vó: mal não faz!

Eu tenho certeza de que você já passou por uma situação saia-justa, em que uma mentirinha caiu como uma luva. Tipo: sua amiga pergunta se você curtiu o novo corte dela que, na realidade, ficou um horror! Pensa: vai adiantar dizer pra ela o que você realmente acha, assim, com toda a sinceridade do mundo? Não, já que o cabelo não vai crescer de novo tão rapidinho, de modo que a besteira seja consertada. Numa situação dessas, não é melhor dar uma enroladinha básica, omitir, que é menos feio que mentir? Dizer que ficou lindo é pura falsidade, nem precisa tanto. Mas algo como “ficou diferente, acho que preciso de um tempo para me acostumar” cai muito bem. E a autoestima da sua amiga continuará intacta.

É a mesma coisa quando o namorado de uma amiga aparece na sua frente com outra. Vixi, sobrou pra você: contar e correr o risco de perder a amizade dos dois ou não contar e correr o risco de perder a amizade dela, se vier a descobrir a pulada de cerca do mau caráter? Dependendo do tipo de relação do casal e da sua proximidade com a traída, fingir que não viu pode ser, sim, a melhor solução.

Até mentir, mentir mesmo, na cara dura, pode ser uma opção, em alguns casos, melhor do que falar a verdade. Sabe quando a sua tia, toda fofa, pergunta se você gostou de um presente-mico que ela te deu no Natal? Não é mais fácil dizer que sim e trocar na loja assim que ela virar as costas?

Agora, tem uma coisa: às vezes, a verdade, por mais doída que seja, é o melhor remédio. Não dá pra mentir quando o seu namorado pergunta se você o ama – se não estiver realmente envolvida, melhor respirar fundo e não entrar numas de iludir o fofo. Da mesma forma, se os pais perguntam o porquê de uma nota baixa, é totalmente do mal jogar a culpa na professora, no seu irmãozinho chato, no raio que o parta, só para justificar a falta de vontade de pegar nos livros. Taí uma situação em que eu acho que não é legal mentir: quando queremos nos safar da responsabilidade de algo que fizemos e que depois nos provocou um certo arrependimento. Nessas horas, a mentira só serve para complicar ainda mais as coisas. Afinal, que ela tem perna curta, isso tem!

Então, tirando esses casos mais sérios, em muitas situações do dia-a-dia eu desconfio de gente que defende a sinceridade a qualquer preço. Pra mim, nada na vida tem que ser oito ou oitenta, acredito muito mais na sensibilidade de cada um pra determinar quando é hora de falar realmente o que se pensa e quando é o momento de calar.

Tenho ainda outra regra, que uso antes das decisões mais difíceis: penso no quanto aquilo que eu vou dizer vai realmente ser útil, ajudando o outro a melhorar. Em grande parte das vezes, chego à conclusão de que soltar o verbo será apenas uma maneira de me sentir superior, colocando o outro lá embaixo. Aí, nessas situações, prefiro mesmo dizer uma mentira, sem culpa nem vergonha.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Tudo novo de novo

Que tal aproveitar que é janeiro pra mudar umas coisas na vida, na rotina, investir numa faxina por dentro? Nem precisa tanto esforço para chegar lá. Comece fazendo as atividades do dia a dia de um jeito diferente. Tipo: se você sempre escreveu com a mão direita, use a esquerda só pra ver como se sai. Faça a pé um trajeto que normalmente realiza de carro. Se come todas as vezes o mesmo sabor de sorvete, experimente um que seja bem exótico, aquele que você até desconfia que seja bom, mas que nunca teve coragem de provar. Com o tempo, pode até transformar esse exercício num hábito. Quem sabe você não se apaixona, finalmente, por um garoto que não é exatamente como os últimos que você conheceu – e que não souberam lhe dar o valor que merece? Afinal, é só olhando para meninos diferentes que histórias com finais diferentes – e mais felizes! - poderão pintar. Quando ficamos no piloto automático, fazendo sempre as mesmas escolhas para não correr riscos, a vida perde um pouco a graça. E pior: a gente até esquece o que gosta e o que não gosta.
É bom estar no conforto, acomodada no que já é conhecido. Mas quem garante que o novo não é ainda melhor, mais gostoso e divertido? E isso só experimentando pra saber.
As novidades fazem a gente despertar, nos deixam mais atentas à vida, às boas oportunidades. O batido cansa, provoca estagnação.
Agora, para deixar o novo entrar, é preciso livrar-se do velho que não nos faz bem. Ou que está ali só ocupando espaço e a gente nem sabe porque. Já reparou que algumas manias nós mesmas criamos e arrastamos durante um tempão, simplesmente porque nunca paramos pra pensar sobre elas? Chegamos a manter por anos o relacionamento com amigos e ficantes que, se olharmos bem, não têm mais nada a ver e nem nos fazem felizes. Mas e o medo de conhecer gente nova, de construir outros relacionamentos? Preferimos ficar ali, literalmente paradas no tempo, a dar um passo em direção ao desconhecido. Como se do lado de lá grandes perigos estivessem escondidos. Porém, o risco maior mesmo não é gastar a vida com tanta repetição, agindo todo os dias exatamente da mesma forma?
Você certamente já ouviu aquele papo de que colhemos o que plantamos. E faz sentido. Daí, se nos últimos tempos as coisas não têm saído como você gostaria, é sinal de que talvez precise de novas sementes. Ou de um novo olhar sobre a vida, pensamentos e atitudes renovadas. Pense bem em todo o entulho que acumulou: mágoas, tristezas, frustrações, jogue tudo fora. Ou pelo menos tente não pensar tanto nelas. Faça uma limpeza geral nos seus sentimentos. Assim, vai sobrar espaço para o entusiasmo, as realizações, a verdadeira alegria. Tente. Comece hoje a fazer diferente. Nas pequenas e nas grandes coisas. Vai ver como esse ano será especial, basta que todas as mudanças que você deseja comecem dentro de você.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Uma caixinha de surpresas

Sempre que eu me deparo com um acontecimento inesperado, me pego dizendo uma frase, usada, se não me engano, por um humorista brasileiro. Ele diz que “a vida, essa sim, é uma caixinha de surpresas”. Taí uma coisa muito divertida e da qual eu acho que vale a pena falar, especialmente nesse período em que nos despedimos de um ano para receber outros 365 dias novinhos em folha.
Você, como eu, deve ter tido algumas surpresas desagradáveis em 2009. Mas tenho certeza de que também vai cantar aquela musiquinha em que diz adeus ao “ano velho” relembrando um montão de coisas boas que rolaram, muitas delas sem o mínino esforço da sua parte, quase como obra do acaso. Pode ser uma garota que você detestava – ou achava que detestava – e que virou uma grande amiga, do nada. Ou a oportunidade de uma viagem que não estava nos planos. Ou a ficada com um garoto em quem você não apostava nenhuma ficha e que foi uma curtição só. Pois é, às vezes é de onde menos esperamos que vêm as tais surpresas,especialmente as boas.
E é justamente essa falta de controle sobre o que vai nos acontecer amanhã que dá graça aos nossos dias. A gente sonha, faz planos, bola estratégias mirabolantes para alcançar o que desejamos. Mas, muitas vezes, morremos na praia e os rumos que a vida toma mudam completamente a nossa direção. Tipo: passamos meses de olho num menino, até ficar com ele. Mas, quando tudo parece estar conspirando a nosso favor, o bofe resolve sumir. O que sobra é aquela tristeza, uma sensação de derrota que é de matar. Mas, no dia seguinte – ou talvez algumas semanas ou meses depois –, acabamos percebendo que aquela história não poderia ter tido um desfecho melhor. E um outro garoto muito mais interessante aparece e, sem que a gente se dedique tanto a impressioná-lo, a química simplesmente acontece. Naturalmente.
Então, aproveitando que mais um fim de ano se aproxima e que o momento é de espantar o baixo astral, que tal pensar mais nesses presentes que recebeu da vida e menos naquelas expectativas que, no fim, não deram em nada? Esqueça os romances que podiam ter sido, as festas que você perdeu, os enganos que cometeu, consigo mesma e com os outros. Tente lembrar só das boas surpresas, daquelas vezes em que você pensou “não acredito que isso está acontecendo mesmo!”, com um baita sorriso nos lábios. Se forçar a memória, vai resgatar vários momentos desses, nem sempre provocados por um grande acontecimento, mas que têm a ver com os pequenos prazeres do dia a dia. Juntando todas essas conquistas – umas maiores, outras, nem tanto -, vai ver que 2009 não foi tão ruim. E que vale a pena começar 2010 com tudo em cima, desencanada de fazer tantos planos e mais aberta para acolher o que a vida tem a lhe oferecer. Pode apostar que muitas experiências boas, alegrias e aprendizados estão reservados logo ali, no futuro, pra você. Alguns vão surgir na sua vida de modo inesperado, o que os deixará ainda mais interessantes.
Se não deu certo neste ano que passou, é porque não era esse o melhor caminho mesmo. Acredite: o melhor ainda está por vir! Então, bora receber esse ano novo de braços, olhos e coração bem abertos!

Por que brigamos tanto?

Você já parou pra pensar sobre isso? Com as amigas, com o namorado, com os pais, por que será que é tão difícil chegar a um senso comum, compartilhar opiniões, entrar em sintonia? Eu tenho lá meus palpites – como sempre! Acho que é porque nós somos diferentes mesmo, por natureza. Cada um de nós tem o seu jeito de olhar o mundo, de ver a si mesmo e aos outros. Mas o problema todo não é esse. Nossa maior dificuldade é aceitar esses pensamentos que não batem, a gente simplesmente não consegue fazer isso, já reparou? Basta a sua mãe achar que você não deve ir àquele show e a primeira reação, antes mesmo de ouvir o argumento dela, é rebater, tentando explicar porque a balada é do tipo tem-que-ir. Se for o pretê, a gente até alivia na discussão, mas, no fundo, gostaria de fazer ele mudar muitas das opiniões que tem. Com as amigas, nem se fale, qualquer bobagem é motivo pra conflito.
Mas e se, por outro lado, a gente desistisse de fazer os outros pensarem exatamente como nós pensamos e tentássemos aprender com o ponto de vista deles? Isso significa estar mais aberta para o diálogo e a negociação e sair daquela posição defensiva, que é a que nos deixa mais vulnerável à agressão.
Penso nisso porque, durante muito tempo, fui dessas pessoas que se orgulha de dizer que “não leva desaforo pra casa”. Bastava receber uma palavra atravessada e eu respondia à altura, sem pensar duas vezes. Porém, mesmo vencendo esses embates – e humilhando o adversário – eu sempre saía perdedora das discussões e brigas em que me metia. Entre a raiva e a culpa que carregava comigo, só conseguia arruinar o meu dia. Aos poucos, fui tentando controlar meus impulsos e hoje escuto algumas bobagens caladas, certa de que não vale a pena se desgastar tanto por tão pouco. Verdade! Se você analisar, vai lembrar de brigas feias - e que a fizeram sofrer muito - que começaram por um motivo bobo, mesquinho, totalmente sem importância...
Ainda existem situações em que eu parto para a discussão mesmo, afinal, não tenho sangue de barata. Mas até nesses momentos tento tomar cuidado com o que digo e com a minha forma de agir, para não me arrepender depois.
Então, se você anda brigando até com a sombra – além de cuidar da TPM! – que tal exercitar a sua capacidade de aceitar o diferente? É simples! Se a sua amiga odeia Simple Plan, pra que perder tempo tentando fazê-la acreditar que o som deles é bem melhor do que o da banda de rock pesado que ela curte? Não sofremos por pensar diferente, mas por querer convencer o mundo de que o nosso modo de pensar é o mais correto.
Daqui pra frente, quando pintar aquela vontade louca de soltar os cachorros em cima de alguém, respire fundo e tente entender o lado dele. Se não der certo, faça um esforço sincero para encontrar, em conjunto, um caminho do meio. Mas, sempre que possível, não entre numas de discutir. Um papo aberto, com respeito e sem baixarias, esse sim facilita e fortalece qualquer relacionamento.

Ai, que medo!

Aposto que você já se pegou dizendo essa frase pelo menos um milhão de vezes. Isso acontece porque a gente passa boa parte do tempo preocupada com aquelas coisas que nos ameaçam: tem medo de perder o ano na escola, de ficar doente, de brigar com a melhor amiga, de pagar um mico na frente daquele menino lindo. Alguns medos, no fundo, se justificam. E fazem bem pra gente. É justamente quando a professora toca um terror, depois de uma péssima nota na prova, que resolvemos nos mexer para estudar sério. Nesse caso, somos movidas não pelo desejo de aprender ou pela responsabilidade em si, mas pelo medo. Quando os amigos – ou o namorado - nos propõem algo que a gente sabe que não é legal, lá vem ele de novo, nos chamando de volta à razão e nos forçando a dizer algo como: “Tô na boa. Deixa pra próxima...”.
Eu confesso, foi por puro medo que deixei de fazer um monte de besteiras na adolescência. “Mas e se meus pais descobrirem?”, eu pensava, e saía de fininho, pra passar bem longe de qualquer roubada. Hoje estou convencida de que foi bem melhor assim.
Só que, ao mesmo tempo, tenho uma implicância danada com essa história de medo. Se ele nos protege em diversas situações da vida, também é o responsável por nos deixar meio paralisadas em outras. Isso porque, do mesmo jeito que temos medo de ameaças reais, criamos perigos imaginários e esses nos fazem perder grandes oportunidades, sem trazer nenhum benefício em troca. Explico: é como o medo de parecer ridícula. Ele nos faz, em muitas situações, abrir mão das nossas vontades e opiniões, daquilo que nos faz autênticas e, por isso mesmo, especiais. Mais ou menos como quando a turma toda resolve odiar Jonas Brothers e a gente, por puro medo de não agradar, acaba entrando na onda, e finge que também “já passou dessa fase”. Mas ouve em casa escondido, quando não tem ninguém por perto.
Também é um medo bobo o que nos faz desistir dos nossos sonhos, todos os tipos de sonhos. Muitas vezes, pelo medo de perder, preferimos nem lutar, guardamos as nossas forças, as nossas melhores qualidades, todo o nosso potencial num cantinho escondido. E dizemos a nós mesmas que está tudo bem, quando, na verdade, estamos é acomodadas, infelizes, tentando nos convencer de que a vida sem certa dose de risco também pode ser deliciosa de viver. Será?
Desconfio muito desse medo que, na realidade, é o medo de ser feliz, de se mostrar para o mundo, de defender tudo aquilo em que acreditamos, de ir muito além do que os outros esperam de nós.
Se o medo é bom, por um lado, por outro merece ser olhado bem de perto por cada uma de nós, com um olhar bem desconfiado, se possível. Que tal começar a se perguntar: “Será que essa situação é mesmo tão ameaçadora quanto eu estou imaginando?”, “Qual é a pior coisa que pode acontecer se isso der errado?”. Assim, talvez consiga chegar ao meio termo.
Se arriscar de bobeira é burrice. Mas se jogar na vida, em busca de sonhos grandes e de uma felicidade de verdade, isso, sim, compensa qualquer maluquice.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O lado bom da adolescência

Você, como a maioria das meninas, vive com pressa de chegar logo aos 18? Então, essa mensagem é pra você. Nada de torcer o nariz, vai! Se pensar bem, verá que a adolescência, tem sim, uns lances que vão marcar a sua vida para sempre, e de um jeito bem especial. Quer alguns exemplos? Em primeiro lugar, é nessa fase da vida que vivemos as nossas maiores paixões, aquelas capazes de nos tirar de órbita totalmente, de nos fazer esquecer tudo, absolutamente tudo, só por causa do ser amado.
Os amigos, claro, também são um motivo e tanto para curtir esse período entre a infância e a vida adulta. Quando pequenos, não sabemos ainda valorizar a turma. E, mais velhos, em geral, não temos tanto tempo para nos dedicar a ela. Além disso, os jovens têm facilidade em fazer novos amigos, são espontâneos e sinceros nos seus relacionamentos.
E tem mais, adolescentes aprendem muito rápido o que quer que seja: a tocar um instrumento, a falar uma nova língua, a operar um programa de computador que parece dificílimo para os adultos. Isso tudo, óbvio, abre um mundo de possibilidades. Afinal, você pode virar expert no que quiser. E em pouco tempo.
A adolescência é, ainda, uma época de grandes descobertas: novos filmes, livros, bandas, músicas... Algumas referências serão levadas pela vida toda, de tanto que você vai curtir. Outras, ficarão esquecidas num canto da estante assim que a moda passar.
Pra ajudar, a maioria das meninas, antes dos 20 e poucos anos, não têm aquele monte de preocupações e responsabilidades de uma mulher, tipo: e se a grana não der para todas as contas no fim do mês? O que vamos ter para o almoço? E como vai ficar meu emprego com a crise? Entre outras chateações típicas.
Ainda não tá convencida de que ser adolescente é tudo de bom? Já parou pra pensar que é na juventude que você vai escolher seus ídolos, sua profissão, seus namorados... o que é muito divertido, no fim das contas? Na vida adulta, na maior parte do tempo, não estamos mais decidindo, mas sofrendo as consequências das escolhas que já fizemos... o que é barra!
Ser adolescente é, ainda, contestar regras, o que até pode trazer algum sofrimento. Por outro lado, com a sua rebeldia característica, são os jovens que sacodem o mundo, forçando uma mudança pra melhor.
Os pais, nessa fase, ainda nos tratam como crianças, pelo menos de vez em quando. O que tem o lado bom de sermos paparicadas e de nos sentirmos protegidas e amparadas quando algo vai mal. Depois que crescemos, eles normalmente continuam desempenhando esse papel. Só que, quanto mais velhos ficamos, mais vergonha temos de pedir colo.Não quero dizer, com tudo isso, que a vida adulta será uma chatice só. Assim como a adolescência, ela oferece boas experiências e outras que não são tão bacanas assim. O grande barato é que, a cada fase, as emoções são diferentes, assim como as descobertas e as lições que aprendemos. Por isso, o melhor é não perder nada, tentar sempre encontrar algo de positivo nas coisas como elas são. Assim, em vez de entrar numas de reclamar e de achar tudo um tédio, seremos capazes de nos divertir bem mais. Faz o teste aí e me conta se deu certo. Por hora, tudo o que tenho a dizer é: feliz adolescência pra você!

Tudo que é bom dura pouco

Será? Eu já usei milhões de vezes essa frase aí em cima e acredito que você também tenha caído nessa. Ela serve direitinho para justificar um monte de decepções que a gente sofre na vida: um namoro que tinha tudo para dar certo e acabou por causa de um ciúme bobo, um emprego ou um curso bacana que a gente perde do nada, uma amizade dessas grandes que vai sumindo e sumindo até desaparecer por completo - por causa da distância ou de um desentendimento qualquer. Nessas horas, bate aquela tristeza e um tipo de saudade antecipada de tudo o que poderia ter sido e não foi. E pior: nem vai ser. Natural esse nozinho na garganta. Afinal, quando não é a gente quem coloca um ponto final em determinadas situações, é como se estivessem nos roubando algo, é essa sensação de frustração que persiste. Mas, em geral, o que nos “roubam” não era mesmo nosso. A idéia é que a gente aproveitasse por um período. E só.
O problema é que começamos a desejar que certas coisas durem PARA SEMPRE , só porque NAQUELE MOMENTO nos parecem convenientes. Mas a verdade é que, em geral, quando o pior do sofrimento passa, a gente percebe que o tal namoro, curso ou amizade pelo qual tanto choramos nem era, assim, tuuudo aquilo que imaginávamos... Com o tempo, as coisas voltam a ser do tamanho que sempre foram, descontados os exageros das nossas expectativas. E novas oportunidades se abrem à nossa frente, maiores e melhores.
Por isso, antes de me lamentar novamente por algo que “durou pouco”, acho que vou começar a pensar duas, três vezes. No fundo, todos os romances, as amizades, as oportunidades duram o tempo exato, o suficiente para que a experiência valha a pena. O que acontece é que a vida vai e vem, em ciclos. E um precisa terminar para que a gente se sinta livre, forte, capaz de se jogar no novo.
Recomeçar – seja o que for – dá sempre um friozinho na barriga. Mas é preciso se desprender do passado para juntar forças e perseguir outros objetivos. Se não foi ou se não é mais, paciência. Importante é ver o lado bom do desafio: agora precisaremos exigir mais de nós mesmas, para vencer as dificuldades que estão ali, bem na nossa frente - e que só poderão ser tiradas do caminho com o nosso esforço pessoal. Dá medo, mas também é gostoso. Que graça teria a vida se ela fosse sempre mais do mesmo, se a gente ficasse acomodado no que é conveniente? Sem essa! Viver é arriscar, é sair do bom para encontrar o melhor, não importa por quanto tempo a felicidade vai durar. O bacana é justamente poder perder, chorar, sofrer... para depois redescobrir o prazer de sorrir, ainda mais confiante na vida e nas pessoas.
Lamentar-se pelos pontos finais que nos surpreendem é normal. Todo mundo tem direito. Mas vale a pena pensar: será que durou pouco mesmo? Ou já estava na hora de partir pra outra?

domingo, 19 de julho de 2009

Simplesmente feliz

O que te faz feliz? Se você não estiver de mau humor, aposto que consegue fazer uma listona de situações que te deixam lá em cima em menos de cinco minutos. Agora, se está demorando para chegar a uma conclusão sobre isso, um aviso de amiga: bora cuidar dessa TPM, menina!
Falo isso porque, mesmo com todos os perrengues da vida, sempre tem um jeito de achar a alegria escondida nas coisas e nas pessoas. Tudo vai da maneira que a gente olha. E de como a gente se olha, no fim das contas. Dependendo de como estamos nos sentindo por dentro, é como se vestíssemos um óculos de lentes coloridas: o mundo lá fora pode ficar azul-lindo ou cinza-chumbo.
Mas, como estamos em pleno mês de férias, quero muito convencer você, até o final deste texto, a usar as boas lentes, aquelas que vão fazer tudo ao redor parecer mais interessante.
Eu, por exemplo, estou tentando ser cada vez mais feliz com menos. E não é tão difícil quanto parece. O que me faz feliz? Ver pela milésima vez o meu filme preferido de amor. Ou fazer uma seleção das músicas mais lindas ever e ficar repetindo mil vezes no I-Pod. Rolar com a minha cachorrinha pelo tapete da sala. Estourar pipoca e comer tudo sozinha, sem culpa. Encontrar as minhas amigas para falar bobagem, rir, tomar sorvete. Ficar o dia todo de pijama, debaixo do edredom fofinho, zapeando a TV e sem pensar – nem lembrar! – dos momentos tristes da vida.
Outro dia assisti a um filme que tem o mesmo título desta seção e que contava a história de uma garota que vivia feliz sempre, o nome dela era Poppy. Pode parecer bobo, falando assim, mas depois de assistir ao filme eu cheguei à conclusão de que a maior bobagem é mesmo ficar desperdiçando a vida com tantas preocupações, picuínhas, baixo-astral. Saí do cinema achando tudo um barato, dei risada pra todo mundo que encontrei no caminho: o pipoqueiro, o cara do estacionamento, a moça desconhecida no elevador. E sabe o que ganhei de volta? Muitos sorrisos!
Então, já que você não vai ter que ir pra escola, que tal tirar esse mês inteiro para se dedicar só àquilo que te faz bem, praticar o que eu chamo de felicidadeterapia? Vale tentar uma receita nova de bolo de chocolate, reler a sua matéria preferida na Atrê, fazer um painel com as fotos que você mais gosta - assim, quando olhar pra elas, vai lembrar que a vida pode ser mais divertida, sempre.
E, quando pintar um obstáculo – uma bronca, uma brincadeira sem graça do irmão, uma chuva forte no dia em que você tinha combinado com a galera de andar de bike no parque – não deixa o mau humor tomar conta, não! Corre logo pro computador e vai ler os blogs mais divertidos que você conhece, liga para aquela amiga fofa e combina um encontro no shopping... tem mil maneiras de deixar as coisas chatas pra lá. É só começar a enxergar aquele montão de coisas legais que você pode colocar no lugar delas. Eu dei algumas idéias aqui, mas você com certeza tem muitas outras estratégias para espantar o mau humor e salvar as suas férias. Tá esperando o quê?

O que é o amor?

Os poetas vivem tentando, mas ninguém conseguiu explicar essa sensação – esse jeito de estar, de corpo e alma – que todo mundo quer experimentar. E eu vou arriscar meus palpites também, emprestando, vez ou outra, uns versos de quem realmente entende do assunto. O poeta Pablo Neruda, por exemplo, disse uma coisa bacana sobre esse sentimento, num de seus poemas: “Tira-me o pão, se quiseres, tira-me o ar, mas não me tires o teu riso”. E eu penso que o amor tem tudo a ver com essas palavras do Neruda. Para mim, amar tem a ver com querer tão bem o outro que simples detalhes – a maneira de sorrir, a voz, o toque – passam a ser viciantes, a gente sente como se não conseguisse mais viver sem!
Só que, muito além de toda a atração física – que faz qualquer um ver estrelinhas onde nem tem céu – o amor, para mim, é uma oportunidade de ser uma pessoa melhor. Disse o Neruda, em outro poema: “Dá-me amor, me sorri e me ajuda a ser bom”. O que ele diz faz todo o sentido porque, ao contrário da paixão, o amor é dedicação pura e a vontade de ver o outro feliz é tanta que fazemos tudo o que podemos – e, às vezes, o que não podemos – para arrancar um único sorriso do ser amado. Afinal, quem é que nunca dispensou “a” balada para dar um colo ao pretê, que estava meio mals? E quem nunca torrou a mesada para comprar um presente bacana de dia dos namorados?
Por essas e outras, acho que o amor é o momento em que percebemos o quanto podemos dar – e abrimos mão mesmo, sem pensar no que estamos perdendo. E, de verdade, nunca perdemos, mesmo que o romance não dê certo. A sensação de amar e de fazer o outro feliz é um prêmio em si mesmo.
Amar de verdade, para mim, também significa aprender a aceitar o outro, mesmo ele sendo diferente da gente. É também apoiar os sonhos dele, mesmo que pareçam maluquice ou bobagem, porque cada um tem o direito de escolher seus caminhos. Só que essas e outras atitudes não envolvem nada além de generosidade, aquela vontade sincera de repartir o melhor que temos em nós.
Aprender a amar é coisa pra vida toda. Mas, quanto mais praticamos, melhor. Se expressamos os sentimentos em atitudes boas, o outro passa a querer retribuir e aí se forma um círculo virtuoso, em que os dois se dão por inteiro e se bastam. Para mim, esse é o segredo dos relacionamentos felizes. Eu vivo um e posso dizer a você: o amor fez de mim uma pessoa muito melhor e valeu pagar cada centavo do seu preço – as dores, os medos, as tempestades que fazem parte da convivência a dois.
Então, nesse mês dos namorados, que tal amar mais e melhor? Para isso, nem precisa estar junto. Basta que você comece a mudar as atitudes com os meninos que estão na sua mira. Deixe de lado as cobranças, as críticas, aquele ciúme que mata e resgate o bom do amor: a compreensão, o carinho, a paciência, essas coisas que estão em falta em todos os mercados do mundo – porque se tivesse pra comprar, até eu queria! Vai ver como as coisas do lado de fora vão mudar, a partir da sua mudança por dentro.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

A saudade é um filme sem cor

Que meu coração quer ver colorido. Para mim, essa é a melhor definição desse sentimento que ninguém quer ter mas com o qual todo mundo, em algum momento da vida, acaba esbarrando no caminho. Essa música se chama Brigitte Bardot e é do Zeca Baleiro. Ela traduz, em toda a sua poesia, uma coisa que às vezes aperta o meu peito e aposto que o seu também. Pode ser a saudade de alguém que a gente não vê mais, de um acontecimento muito bom ou de um tempo passado, em que as coisas pareciam mais fáceis. Saudade não é só falta, é também uma baita frustração, porque a gente sente uma vontade imensa de voltar no tempo para “ver tudo colorido” de novo, mas sabe que é impossível.
Esse negócio de “o que passou, passou”, é bom só para os grandes perrengues da vida. Mas é uma verdadeira pena que alguns momentos especiais simplesmente voem, sem a gente se dar conta disso. Cenas tão boas da infância, curtições com os amigos na adolescência, o momento em que descobrimos que o amor que sentimos pelo outro é recíproco – putz, que felicidade! – tudo isso mereceria ser eternizado. E muito mais.
Agora, tem uma coisa: eu curto a melancolia, às vezes choro em silêncio, mas sempre digo pra mim mesma que o jeito é olhar pra frente. Porque tem outra música que diz que “a saudade engole a gente” – essa cantada pela Zizi Possi, a mãe da Luiza. E engole mesmo. Se der espaço, as lembranças vão deixando o peito tão apertado que a vida parece perder toda a graça, todo o brilho. Eu tenho medo desses momentos, que todo mundo vive de vez em quando, em que a dor dói na alma. Essa não tem remédio que melhora e, de verdade, não tem cura mesmo. Convivemos com ela, tentando deixá-la escondida num cantinho, fingindo que não está ali. É a única saída!
Por outro lado, tento pensar que as boas experiências que vivemos nunca ficam perdidas num passado distante. Ao contrário: elas ajudam a moldar a nossa personalidade. Então, aquele parente ou amigo querido que partiu – para sempre ou não – continuará sempre vivendo em nós, não apenas nas doces lembranças, mas também como um pedacinho do que nós somos. O amor que já acabou – e que deixou saudades – idem. É a coleção de foras e frustrações das paixões já vividas que nos prepara para curtir os relacionamentos futuros com mais segurança e maturidade. Pelo menos esse é o meu jeito de dar pra saudade uma cara simpática, tornando-a um troço mais fácil de aturar.
E pensa bem: se o mundo parasse nos momentos bons do passado, todo mundo sairia perdendo. Afinal, o futuro traz sempre mil oportunidades. Então, quando fico triste e com saudade, logo penso: a vida vai sorrir de novo pra mim. E acontece.
O passado passou, é verdade. Mas ele fez de cada uma de nós o que nós somos hoje. Então, as experiências não foram em vão, assim como as lembranças jamais deixarão nossa memória. Nem que a gente queira.
O presente, esse sim, está sorrindo logo ali. E a minha sugestão é: vamos vivê-lo com toda a alegria e intensidade. Assim, daqui a um tempo, sentiremos saudade também desse período, que chamamos de adolescência. Mais saudades? Pois é, só não tem saudades quem passou pela vida e não viveu. E essa não é a sua, né? Nem a minha!