terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Ai, que medo!

Aposto que você já se pegou dizendo essa frase pelo menos um milhão de vezes. Isso acontece porque a gente passa boa parte do tempo preocupada com aquelas coisas que nos ameaçam: tem medo de perder o ano na escola, de ficar doente, de brigar com a melhor amiga, de pagar um mico na frente daquele menino lindo. Alguns medos, no fundo, se justificam. E fazem bem pra gente. É justamente quando a professora toca um terror, depois de uma péssima nota na prova, que resolvemos nos mexer para estudar sério. Nesse caso, somos movidas não pelo desejo de aprender ou pela responsabilidade em si, mas pelo medo. Quando os amigos – ou o namorado - nos propõem algo que a gente sabe que não é legal, lá vem ele de novo, nos chamando de volta à razão e nos forçando a dizer algo como: “Tô na boa. Deixa pra próxima...”.
Eu confesso, foi por puro medo que deixei de fazer um monte de besteiras na adolescência. “Mas e se meus pais descobrirem?”, eu pensava, e saía de fininho, pra passar bem longe de qualquer roubada. Hoje estou convencida de que foi bem melhor assim.
Só que, ao mesmo tempo, tenho uma implicância danada com essa história de medo. Se ele nos protege em diversas situações da vida, também é o responsável por nos deixar meio paralisadas em outras. Isso porque, do mesmo jeito que temos medo de ameaças reais, criamos perigos imaginários e esses nos fazem perder grandes oportunidades, sem trazer nenhum benefício em troca. Explico: é como o medo de parecer ridícula. Ele nos faz, em muitas situações, abrir mão das nossas vontades e opiniões, daquilo que nos faz autênticas e, por isso mesmo, especiais. Mais ou menos como quando a turma toda resolve odiar Jonas Brothers e a gente, por puro medo de não agradar, acaba entrando na onda, e finge que também “já passou dessa fase”. Mas ouve em casa escondido, quando não tem ninguém por perto.
Também é um medo bobo o que nos faz desistir dos nossos sonhos, todos os tipos de sonhos. Muitas vezes, pelo medo de perder, preferimos nem lutar, guardamos as nossas forças, as nossas melhores qualidades, todo o nosso potencial num cantinho escondido. E dizemos a nós mesmas que está tudo bem, quando, na verdade, estamos é acomodadas, infelizes, tentando nos convencer de que a vida sem certa dose de risco também pode ser deliciosa de viver. Será?
Desconfio muito desse medo que, na realidade, é o medo de ser feliz, de se mostrar para o mundo, de defender tudo aquilo em que acreditamos, de ir muito além do que os outros esperam de nós.
Se o medo é bom, por um lado, por outro merece ser olhado bem de perto por cada uma de nós, com um olhar bem desconfiado, se possível. Que tal começar a se perguntar: “Será que essa situação é mesmo tão ameaçadora quanto eu estou imaginando?”, “Qual é a pior coisa que pode acontecer se isso der errado?”. Assim, talvez consiga chegar ao meio termo.
Se arriscar de bobeira é burrice. Mas se jogar na vida, em busca de sonhos grandes e de uma felicidade de verdade, isso, sim, compensa qualquer maluquice.

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