segunda-feira, 2 de março de 2009

O mundo é grande

E, mesmo assim, cabe inteirinho no breve espaço do beijar. É mais ou menos o que diz a poesia de Carlos Drummond de Andrade. Quem já deu um beijo apaixonado na vida sabe que ele está coberto de razão. Pois não é que, no momento daquele beijo esperado, ensaiado, tantas vezes sonhado, a gente meio que transcende, viaja sem espaço e sem tempo, se esquece e esquece do mundo? Quando volta, é como se a alegria fosse definitivamente tomar conta da nossa vida. Puxa, enfim conseguimos!
Essa mágica toda dificilmente acontece no primeiro beijo, quando estamos ainda tão preocupadas em impressionar o outro que nos esquecemos de curtir, de aproveitar aquele carinho que estamos dando e recebendo, tudo ao mesmo tempo. Na primeira vez, a gente fica mais preocupada com a técnica e, na tentativa de mostrar que sabe, só conseguimos dar bandeira de que não sabemos mesmo o que fazer – com a nossa língua e com a dele. Por isso, em geral, o primeiro beijo é um fiasco. O meu foi. Mas depois dele vieram outros, mais desencanados, mais apaixonados, muito mais felizes. É isso o que sempre digo quando garotas me contam que morrem de medo de beijar. Eu falo simplesmente: “Beija que passa”. E é verdade. Como tudo na vida, é beijando que aprendemos a beijar. Não estou querendo dizer que, por isso, você deva sair por aí treinando com Deus e todo mundo. Se você quiser, fique à vontade. Mas, se não quiser, dê tempo ao tempo, e vá adquirindo essa experiência aos poucos porque, que eu saiba, o mundo não vai acabar amanhã. E tem outra: os beijos dados com afeto e ternura são, de longe, os que mais marcam a vida da gente. E fazem todo o sofrimento valer a pena. Sim, porque quem já esperou dias, meses e até anos para ficar com um garoto sabe que por um beijinho a gente às vezes passa os maiores perrengues. Mas, quando consegue, sempre termina com aquela sensação de que valeu a pena.
É claro que, de vez em quando, a gente dá uns beijos meio frustrantes, nem todos são como aquele que eu comentei no começo dessa seção. Não porque o outro beije mal, não porque a gente não tenha acertado. O que acontece é que, às vezes, dois beijos não combinam. Uma questão de sintonia. Se o casal estiver mesmo muito a fim, até dá para acertar esse descompasso. Mas, normalmente, quando o beijo não rola, tudo o mais vai por água abaixo mesmo. E aí beijamos de novo, até... sempre! Pelo resto da vida, continuamos nos aperfeiçoando nessa arte e em todas as outras que envolvem o encontro com o outro. Por isso, eu desconfio do refrão que diz: “Já sei namorar, já sei beijar de língua”. Eu prefiro acreditar que essas coisas do amor serão sempre um desafio e todas as receitas prontas do mundo podem não funcionar numa situação especial. Cada beijo é um beijo, cada namoro é um namoro. Mesmo que a gente fique anos ao lado da mesma pessoa, beijando sempre o mesmo beijo. Em cada ocasião, dependendo do momento que os dois estão vivendo, essa maneira de trocar carinhos será diferente. Ainda bem, né?
Se você nunca beijou, faça isso quando tiver vontade, sem dar bola pro medo. Na pior das hipóteses, o beijo vai ser meio micado mesmo. Mas e daí? Depois dele virão outros e é importante dar o tal primeiro passo. Os próximos serão bem melhores e você vai acabar curtindo muito.
Pra quem já beijou, eu só posso desejar que se tornem especialistas na matéria. Para isso, nem é preciso beijar muito. Mas, talvez, curtir mais cada beijo, entendendo que esse carinho significa sempre a oportunidade de dar e receber afeto. E talvez esse seja um bom remédio para a nossa loucura, não é mesmo?

Pelo direito de sonhar

Andei conversando com duas leitoras amigas no MSN esses dias e fiquei tão passada com o que rolou no papo que resolvi dividir com vocês. São duas meninas superinteligentes, descoladas e tal. Uma quer ser atriz e a outra, jornalista, como eu. Só que, durante a nossa conversa, as duas deram a entender que estavam meio inseguras e que não se sentiam boas o suficiente para correrem atrás desses sonhos. Por isso, talvez fizessem outra coisa qualquer da vida. Isso me fez ter uma vontade imensa de ir até lá, para tentar convencê-las de que TUDO é possível. Sim, é assim mesmo que eu penso. E gostaria muito que os jovens entrassem nessa onda, de verdade. Não só na hora de escolher a profissão, mas também de lutar por coisas grandes, como um mundo melhor. Enquanto a gente continuar acreditando que não somos inteligentes o suficiente, enquanto não pudermos confiar no nosso potencial, continuaremos nos contentando com pouco, com o ruim, com o que é “normal”. Mas se a vida não for uma oportunidade de lutar para obter o que realmente desejamos – e certamente merecemos – então, de que ela vale?
Monteiro Lobato, escritor brasileiro, usou uma frase que eu levo muito a sério: “Loucura? Sonho? Tudo é loucura ou sonho no começo. Nada do que o homem fez no mundo teve início de outra maneira -- mas já tantos sonhos se realizaram que não temos o direito de duvidar de nenhum”. Eu concordo plenamente com essa história de que temos de levar nossos planos adiante, por mais que os outros - e até uma partezinha dentro de nós mesmas – tentem nos convencer do contrário. Se não dá para acreditar num futuro melhor e mais feliz, do jeitinho que a gente gostaria que fosse, então o presente vai se transformar sempre numa experiência chata, sem graça.
Eu não poderia contar nos dedos o número de pessoas mais velhas que eu conheço e que caíram nessa besteira de achar que não deviam desejar certas coisas, porque não mereciam ou não seriam capazes de lutar por elas. Aí, escolheram uma profissão que nem curtem tanto, entraram num relacionamento mais ou menos - só para não ficar sozinhos -, adiaram para sempre o objetivo de fazer aquela viagem internacional que sempre quiseram, entre outras burradas. E hoje eles são os adultos frustrados que querem convencer a galera mais jovem a fazer o que parece mais certo, possível, “normal”. Agora, quer saber de uma coisa? Eu acho que o mundo só virou esse lugar meio triste de viver por causa dessa gente que desistiu de sonhar sonhos grandes, sonhos loucos, desses difíceis de realizar. Mas pense bem: não é muito mais divertido fazer o impossível? Então, pergunte a você mesma: quais são os seus planos que andam esquecidos numa gaveta qualquer, porque falta coragem de correr atrás deles? Que tal botar isso pra fora, fazer o que estiver ao seu alcance para realizar e, finalmente, ser feliz de verdade? Comece com coisas pequenas e vai perceber que, a cada desafio vencido, conseguirá chegar mais longe. É simples: basta seguir os seus sonhos. Os SEUS, tá?
Ah, e da próxima vez que alguém tentar convencê-la de que a vida só vai piorar e que o futuro não existe, em vez de se preocupar com o que vai acontecer depois, pergunte-se: “O que eu posso fazer agora?”. Cada um de nós pode fazer muito mais do que imagina, pelo nosso próprio futuro e de todas as outras pessoas que são os nossos vizinhos aqui no Planeta Terra. Só é preciso um tiquinho de coragem para dar o primeiro passo. Bons sonhos pra você!