terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Uma caixinha de surpresas

Sempre que eu me deparo com um acontecimento inesperado, me pego dizendo uma frase, usada, se não me engano, por um humorista brasileiro. Ele diz que “a vida, essa sim, é uma caixinha de surpresas”. Taí uma coisa muito divertida e da qual eu acho que vale a pena falar, especialmente nesse período em que nos despedimos de um ano para receber outros 365 dias novinhos em folha.
Você, como eu, deve ter tido algumas surpresas desagradáveis em 2009. Mas tenho certeza de que também vai cantar aquela musiquinha em que diz adeus ao “ano velho” relembrando um montão de coisas boas que rolaram, muitas delas sem o mínino esforço da sua parte, quase como obra do acaso. Pode ser uma garota que você detestava – ou achava que detestava – e que virou uma grande amiga, do nada. Ou a oportunidade de uma viagem que não estava nos planos. Ou a ficada com um garoto em quem você não apostava nenhuma ficha e que foi uma curtição só. Pois é, às vezes é de onde menos esperamos que vêm as tais surpresas,especialmente as boas.
E é justamente essa falta de controle sobre o que vai nos acontecer amanhã que dá graça aos nossos dias. A gente sonha, faz planos, bola estratégias mirabolantes para alcançar o que desejamos. Mas, muitas vezes, morremos na praia e os rumos que a vida toma mudam completamente a nossa direção. Tipo: passamos meses de olho num menino, até ficar com ele. Mas, quando tudo parece estar conspirando a nosso favor, o bofe resolve sumir. O que sobra é aquela tristeza, uma sensação de derrota que é de matar. Mas, no dia seguinte – ou talvez algumas semanas ou meses depois –, acabamos percebendo que aquela história não poderia ter tido um desfecho melhor. E um outro garoto muito mais interessante aparece e, sem que a gente se dedique tanto a impressioná-lo, a química simplesmente acontece. Naturalmente.
Então, aproveitando que mais um fim de ano se aproxima e que o momento é de espantar o baixo astral, que tal pensar mais nesses presentes que recebeu da vida e menos naquelas expectativas que, no fim, não deram em nada? Esqueça os romances que podiam ter sido, as festas que você perdeu, os enganos que cometeu, consigo mesma e com os outros. Tente lembrar só das boas surpresas, daquelas vezes em que você pensou “não acredito que isso está acontecendo mesmo!”, com um baita sorriso nos lábios. Se forçar a memória, vai resgatar vários momentos desses, nem sempre provocados por um grande acontecimento, mas que têm a ver com os pequenos prazeres do dia a dia. Juntando todas essas conquistas – umas maiores, outras, nem tanto -, vai ver que 2009 não foi tão ruim. E que vale a pena começar 2010 com tudo em cima, desencanada de fazer tantos planos e mais aberta para acolher o que a vida tem a lhe oferecer. Pode apostar que muitas experiências boas, alegrias e aprendizados estão reservados logo ali, no futuro, pra você. Alguns vão surgir na sua vida de modo inesperado, o que os deixará ainda mais interessantes.
Se não deu certo neste ano que passou, é porque não era esse o melhor caminho mesmo. Acredite: o melhor ainda está por vir! Então, bora receber esse ano novo de braços, olhos e coração bem abertos!

Por que brigamos tanto?

Você já parou pra pensar sobre isso? Com as amigas, com o namorado, com os pais, por que será que é tão difícil chegar a um senso comum, compartilhar opiniões, entrar em sintonia? Eu tenho lá meus palpites – como sempre! Acho que é porque nós somos diferentes mesmo, por natureza. Cada um de nós tem o seu jeito de olhar o mundo, de ver a si mesmo e aos outros. Mas o problema todo não é esse. Nossa maior dificuldade é aceitar esses pensamentos que não batem, a gente simplesmente não consegue fazer isso, já reparou? Basta a sua mãe achar que você não deve ir àquele show e a primeira reação, antes mesmo de ouvir o argumento dela, é rebater, tentando explicar porque a balada é do tipo tem-que-ir. Se for o pretê, a gente até alivia na discussão, mas, no fundo, gostaria de fazer ele mudar muitas das opiniões que tem. Com as amigas, nem se fale, qualquer bobagem é motivo pra conflito.
Mas e se, por outro lado, a gente desistisse de fazer os outros pensarem exatamente como nós pensamos e tentássemos aprender com o ponto de vista deles? Isso significa estar mais aberta para o diálogo e a negociação e sair daquela posição defensiva, que é a que nos deixa mais vulnerável à agressão.
Penso nisso porque, durante muito tempo, fui dessas pessoas que se orgulha de dizer que “não leva desaforo pra casa”. Bastava receber uma palavra atravessada e eu respondia à altura, sem pensar duas vezes. Porém, mesmo vencendo esses embates – e humilhando o adversário – eu sempre saía perdedora das discussões e brigas em que me metia. Entre a raiva e a culpa que carregava comigo, só conseguia arruinar o meu dia. Aos poucos, fui tentando controlar meus impulsos e hoje escuto algumas bobagens caladas, certa de que não vale a pena se desgastar tanto por tão pouco. Verdade! Se você analisar, vai lembrar de brigas feias - e que a fizeram sofrer muito - que começaram por um motivo bobo, mesquinho, totalmente sem importância...
Ainda existem situações em que eu parto para a discussão mesmo, afinal, não tenho sangue de barata. Mas até nesses momentos tento tomar cuidado com o que digo e com a minha forma de agir, para não me arrepender depois.
Então, se você anda brigando até com a sombra – além de cuidar da TPM! – que tal exercitar a sua capacidade de aceitar o diferente? É simples! Se a sua amiga odeia Simple Plan, pra que perder tempo tentando fazê-la acreditar que o som deles é bem melhor do que o da banda de rock pesado que ela curte? Não sofremos por pensar diferente, mas por querer convencer o mundo de que o nosso modo de pensar é o mais correto.
Daqui pra frente, quando pintar aquela vontade louca de soltar os cachorros em cima de alguém, respire fundo e tente entender o lado dele. Se não der certo, faça um esforço sincero para encontrar, em conjunto, um caminho do meio. Mas, sempre que possível, não entre numas de discutir. Um papo aberto, com respeito e sem baixarias, esse sim facilita e fortalece qualquer relacionamento.

Ai, que medo!

Aposto que você já se pegou dizendo essa frase pelo menos um milhão de vezes. Isso acontece porque a gente passa boa parte do tempo preocupada com aquelas coisas que nos ameaçam: tem medo de perder o ano na escola, de ficar doente, de brigar com a melhor amiga, de pagar um mico na frente daquele menino lindo. Alguns medos, no fundo, se justificam. E fazem bem pra gente. É justamente quando a professora toca um terror, depois de uma péssima nota na prova, que resolvemos nos mexer para estudar sério. Nesse caso, somos movidas não pelo desejo de aprender ou pela responsabilidade em si, mas pelo medo. Quando os amigos – ou o namorado - nos propõem algo que a gente sabe que não é legal, lá vem ele de novo, nos chamando de volta à razão e nos forçando a dizer algo como: “Tô na boa. Deixa pra próxima...”.
Eu confesso, foi por puro medo que deixei de fazer um monte de besteiras na adolescência. “Mas e se meus pais descobrirem?”, eu pensava, e saía de fininho, pra passar bem longe de qualquer roubada. Hoje estou convencida de que foi bem melhor assim.
Só que, ao mesmo tempo, tenho uma implicância danada com essa história de medo. Se ele nos protege em diversas situações da vida, também é o responsável por nos deixar meio paralisadas em outras. Isso porque, do mesmo jeito que temos medo de ameaças reais, criamos perigos imaginários e esses nos fazem perder grandes oportunidades, sem trazer nenhum benefício em troca. Explico: é como o medo de parecer ridícula. Ele nos faz, em muitas situações, abrir mão das nossas vontades e opiniões, daquilo que nos faz autênticas e, por isso mesmo, especiais. Mais ou menos como quando a turma toda resolve odiar Jonas Brothers e a gente, por puro medo de não agradar, acaba entrando na onda, e finge que também “já passou dessa fase”. Mas ouve em casa escondido, quando não tem ninguém por perto.
Também é um medo bobo o que nos faz desistir dos nossos sonhos, todos os tipos de sonhos. Muitas vezes, pelo medo de perder, preferimos nem lutar, guardamos as nossas forças, as nossas melhores qualidades, todo o nosso potencial num cantinho escondido. E dizemos a nós mesmas que está tudo bem, quando, na verdade, estamos é acomodadas, infelizes, tentando nos convencer de que a vida sem certa dose de risco também pode ser deliciosa de viver. Será?
Desconfio muito desse medo que, na realidade, é o medo de ser feliz, de se mostrar para o mundo, de defender tudo aquilo em que acreditamos, de ir muito além do que os outros esperam de nós.
Se o medo é bom, por um lado, por outro merece ser olhado bem de perto por cada uma de nós, com um olhar bem desconfiado, se possível. Que tal começar a se perguntar: “Será que essa situação é mesmo tão ameaçadora quanto eu estou imaginando?”, “Qual é a pior coisa que pode acontecer se isso der errado?”. Assim, talvez consiga chegar ao meio termo.
Se arriscar de bobeira é burrice. Mas se jogar na vida, em busca de sonhos grandes e de uma felicidade de verdade, isso, sim, compensa qualquer maluquice.