Outro dia, assisti a um filme lindo e bem antigo, chamado O Balão Vermelho, do diretor Albert Lamorisse. Ele conta a história de um garoto, o Pascal, um tipo bem solitário que encontra uma bexiga amarrada num poste de iluminação. Depois de “libertá-la”, o menino começa a levá-la a todos os lugares aonde vai, pelas ruas de Paris. Os professores do colégio acham aquilo esquisitíssimo, assim como os parentes do menino. E todo mundo tenta, mas a verdade é que ninguém consegue separar os dois! Quer dizer, isso até que os “amigos” do bairro, com inveja do garoto, armam a maior cilada e conseguem finalmente acabar com a brincadeira do Pascal, furando o balão. Enquanto o menino chora, várias outras bexigas coloridas se aproximam dele, vindo de todos os pontos da cidade. Juntando todas com as mãos, o menino sobe, sobe e começa a voar sob a cidade.
Eu penso que, em alguns momentos da vida, todo mundo arranja um balão vermelho pra carregar. Pode ser um garoto de quem se está a fim, o sonho de fazer uma grande viagem ou de virar uma daquelas garotas superpopulares da escola. A gente leva essa idéia pra lá e pra cá, não pára de pensar naquilo nem por um minuto.
Mas basta a vida vir com um alfinete inesperado para estragar nossos planos - ou furar nosso balãozinho - e pronto: parece que o mundo vai acabar e que nunca mais teremos a menor chance de ser felizes! Só que a realidade normalmente é bem diferente. É justamente quando desencanamos daquele menino que só sabe nos faz sofrer que conseguimos ver outros garotos muito mais interessantes ao redor (e, certamente, um deles saberá nos dar o valor que merecemos!). É só desistir de ser popular e criar coragem de ser autêntica e os amigos começam a surgir, como que por encanto, sem que a gente precise fazer nada de muito especial. E por aí vai.
É que enquanto a gente coloca toda a nossa expectativa em cima de um único desejo – que às vezes demooora para virar realidade - acabamos nos esquecendo de curtir as outras coisas boas que a vida tem. Por isso, da próxima vez que estiver triste por causa de um namoro que não deu certo, pense na turma do colégio, nas baladas, nas viagens, nos momentos mais legais que já passou com seus pais, no jeans novinho que ainda nem estreou. Se ficou passada por causa de uma amiga que pisou na bola, lembre do menino lindo que olhou pra você de um jeito diferente ontem, daquele filme que você adora (e que já assistiu trocentas vezes), da torta de creme (ou de limão ou de maçã) que a sua avó faz, das outras muitas amigas que continuam ao seu lado, companheiras e leais.
Junte todas as coisas bonitas e deixe que elas façam você voar acima dos desafios que estiver enfrentando. É assim que a gente se torna maior que os nossos problemas.
Texto publicado na Revista Atrevida do mês de setembro, edição 169.
domingo, 31 de agosto de 2008
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